Entrevista com seu Euclides, atingido pela UHE-Tucuruí
16/02/1996
Local: Nova Repartimento
Entrevistadora: Maria das Graças da Silva
Euclídes: Lá na área que hoje é inundada, quando a Eletronorte veio decidir por pressão dar 10 alqueires, nós já não tínhamos como sair de lá. Então, quanto a isso, eu mesmo tenho até um título de lote velho. Tá na minha pasta ali. Eu tinha 21 alqueires de terra e recebi 10. Ela não me pagou esses onze alqueires de terra. Quando ela fez levantamento, também ela disse “não adianta mais fazer nada aqui porque tá feito o levantamento, agora vai só receber teu dinheiro na Eletronorte”. Quando? Não dizem. Esperamos mais três anos pra poder receber aquela micharia. Então ela mandou parar. Nós não temos uma prova e eles não tem também por que eles usaram uma tática de não dar nenhum documento. Aí não deu. Nós chegamos a comprovar isso porque alguns entraram com um requerimento; aí eles se enrolaram lá e pagaram, mesmo. Eles pagaram. Fomos descendo com o pessoal, mas é uma coisa que a gente vê que tem fundamento.
Pergunta: A gente observou aqui mesmo no município de Novo Repartimento, que a oferta de energia elétrica é precária. E que na gleba de Parakanã, e, pelas informações, no Rio Gelado, vocês não possuem energia elétrica. E vocês foram pessoas que sofreram grandes consequenciais da implementação ds usina geradora de energia elétrica. Como o senhor vê esse problema, essa situação de vocês terem sido vítimas de um projeto que não beneficiou vocês?
Euclides: Quanto à energia, eu não tinha muito conhecimento sobre energia. porque eu morava na roça mesmo e não tinha conhecimento. Agora o que eu vi que a energia aqui pra nós é muito péssima. A energia mais cara que a gente tem no Brasil é do município do Tucuruí, o município de Tucuruí e Repartimento… é ruim. A Gleba Parakanã não tem energia e nem vai ter nunca. Antes se falava que ia puxar uma rede na BR 230 de Marabá a Repartimento. Até porque tem umas vilas aí no meio que tem muita gente. Só que hoje já não tem mais condições de puxar. A Parakanã porque ela veio de Marabá a Itupiranga, de Itupiranga veio pra Cajazeiro. Daí, morreu. Porque não tem nenhuma vila aí no meio e fica morto. É uma área de colonização, não tem energia e não tem nunca. Pro Rio gelado eu espero que isso aconteça. Nós temos uma ideia de abrir uma estrada, até tem já no governo um projeto, nós ligamos uma estrada de Novo Repartimento a Tucumã. Isso tá fácil porque no verão já passa até carro. É com muita volta, muito dinheiro pra fazer uma estrada de Novo Repartimento a Tucumã. Isso liga Tucumã, liga Xinguara, liga Repartimento ao sul do Pará. Eu espero que mais tarde nós vamos ter energia também em Rio Gelado.